segunda-feira, 25 de junho de 2012

A estante dos dicionários

«Os bons dicionários» ,
Miguel Esteves Cardoso (Ainda ontem)
      A primeira coisa que faço quando mudo de casa é alinhar os dicionários de português numa prateleira — e cabem sempre numa prateleira.
      Escrevo a palavra “prateleira” e fico envergonhado. Porquê a referência aos pratos? É humilhante falar de prateleiras quando estamos a falar de livros.
        Também não gosto da palavra “estante”. bookshelf (à inglesa) ou bookcase (à americana) juntam os substantivos, como se tivessem nascido um para o outro. Em português é “estante para livros”, como quem diz: “é uma estante especializada, que foi concebida para os idiotas que querem arrumar livros”. É como “hotel para cães” ou “hospital de bonecas”.
      Quais são os dicionários essenciais? Modernamente, é o Grande Dicionário/ Língua Portuguesa da Porto Editora (um só volume, mas a exigir mesa de leitura, para se poder consultar sempre que quisermos) E, mais portátil, a edição mais recente do Dicionário de Língua Portuguesa da mesma editora. Os mais importantes são mais velhos, a começar pelos doze volumes de Moraes. Seguem-se os geniais três volumes de Artur Bivar (um dos quais analógico) e os dois volumes de Caldas Aulete, enriquecidos por citações literárias.
         Junto os dois volumes — inspiradores, por muitos erros que contenham — do Dicionário Etimológico do grande José Pedro Machado.
       Há alguns outros bons dicionários da língua portuguesa de Portugal. Mas estes são não só os melhores como aqueles que mais ajudam a ler e escrever bem a nossa língua.

PÚBLICO, SEG, 25 JUN 2012, p.  45

domingo, 10 de junho de 2012

As estantes do pintor

[quando  General Z
vir esta f.
nunca mais
vai dizer :
«o ESCRIT.
de G.
está
um
Caos»]



Foto de Albuquerque Mendes, por Fernando Veludo / Infactos, Público, 13 - 05 - 2012, pp. 30-31
Reportagem, Entrevista de Sérgio C. Andrade
Título: «A pintura não me chega»    (série: «A minha história da arte»)

Alguns Recortes:
Pintor e performer nascido na Beira Alta e fixado no Porto desde o início da década de 1970, Albuquerque Mendes tem uma obra marcada pela iconoclastia com que aborda temas como a religião, a saúde e a sua própria biografia. Começou a fazer “rituais” em 1974, e sempre entendeu a pintura como uma encenação litúrgica. […]
Não é fácil entrar no atelier  […].a acumulação de quadros, pastas, caixas, sacos, livros e brinquedos quase impede o acesso a este mundo mágico do artista em acção, rodeado por um mar de objectos. […]
Para evocar a sua infância na Beira Alta, fez-nos subir ao mezanino do atelier, também pejado de armários, sacos com a recolecção dos objectos mais diversos — “tudo isto é para reciclar para as minhas obras” —, estantes e livros, com destaque para a banda desenhada que dourou a sua infância — “lia principalmente o Pato Donald e o Zé Carioca, que o meu pai mandava vir do Brasil; mas também li, nos anos da escola primária, Os 120 Dias de Sodoma, do Sade, e A Cartuxa de Parma, do Stendhal, que me impressionou muito, mesmo se eu não percebia muito bem o que aquilo era”. Há também os brinquedos — ou melhor, o que resta […]
Mas as diferentes camadas em que se vai acumulando o acervo afectivo do pintor contêm igualmente preciosidades bibliográficas, como as primeiras edições dos livros de Ana Hatherly — “Tenho-os todos, gosto de tudo o que ela faz” — e d’A Invenção do Dia Claro (1921), de Almada Negreiros, uma antiga edição ilustrada de Les Chansons de Bilitis, de Pierre Louÿs, ou o belíssimo volume com as sombras de Lurdes Castro (D’Ombres, Antuérpia, 1974) e o catálogo da histórica exposição Alternativa Zero, que José Ernesto de Sousa organizou em Lisboa em 1977, uma das primeiras em que Albuquerque participou. […]

[...] numa das suas primeiras performances Ritual, Os Tês Dedos da Mão do Arco-Íris, no Porto, em 1977

quinta-feira, 7 de junho de 2012

LIvros-Esculturas



Recolhido no «Bibliotecário de Babel», que remete para AQUI, que depois remete para outros endereços
São criações do artista Jonathan Callan