RECORTE INICIAL:
A chave que Bernardo Trindade tira de uma gaveta e coloca em cima da mesa é grande, pesada, parece feita para fechar princesas em torres de castelos. A primeira vez que, há muitos anos, tentaram abrir com ela a porta da biblioteca de um palácio próximo da Sé de Lisboa não funcionou. Para chegar ao tesouro guardado por aquela chave, foi preciso oleá-la e, então, sim, a porta abriu-se. Do outro lado, recorda Bernardo, havia uma espécie de véu, “como se fosse algodão-doce”, feito de um século de teias de aranha.
“Não se via nada”, conta o alfarrabista da Livraria Campos Trindade. “Tivemos de rasgar as teias com paus. Ao fundo, abri as portadas e as janelas e foi uma emoção ver aquilo. As aranhas tinham comido todos os bichos que podiam afectar os livros e estes, por não terem apanhado luz durante todo este tempo, brilhavam. Estamos a falar de livros dos séculos XVI, XVII, XVIII, o atlas Civitates orbis terrarum, um manuscrito chinês que tinha sido dado ao rei de Portugal, coisas fantásticas. [...]
- a 14 de Fevereiro, no «P3» - dossiê fotográfico de Ana Paganini
- em 23 de Abril, no «podcast» «Grandes Leitores» [...]